O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), apresenta a palestra “Rock my art ou O novo esteticismo de Porquê Choras? ou O dia em que Edu K entrou para a História da Arte”, com o escritor e curador Leo Felipe.
A atividade será realizada no sábado 04/03, às 11h, no Auditório do MARGS, com entrada gratuita (limite de 60 lugares, por ordem de chegada), como parte do Programa Público da exposição “Pulse: Rogério Nazari e Telmo Lanes – Trajetórias 1976-2022”, atualmente em exibição no Museu.
A palestra de Leo Felipe, que terá mediação de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS e um dos curadores da mostra, contará com as presenças dos artistas Rogério Nazari e Telmo Lanes, além do músico Edu K, da banda DeFalla, que fará uma performance com guitarra e computador.
“Pulse: Rogério Nazari e Telmo Lanes – Trajetórias 1976-2022” apresenta um panorama da produção dos dois artistas, incluindo um resgate da atuação conjunta que mantiveram nos anos 1980. Assim, a exposição revisita 3 momentos dessa parceria artística.
Um deles é a performance e instalação “Porquê choras?” (sic), realizada por Rogério Nazari e Telmo Lanes em 1985, em Porto Alegre, com a participação do grupo de rock DeFalla e de diversos colaboradores. Esse histórico episódio agora ganha um resgate em “Pulse”, ocupando uma das salas da mostra, mediante a reunião de um amplo conjunto de documentos. São registros impressos, audiovisuais e fotográficos, articulados de modo instalativo em vitrines, nas paredes e em reproduções com projeção e TVs.
A palestra de Leo Felipe se relaciona a “Porquê choras?”, que foi tomada como estudo de caso em sua dissertação de Mestrado, realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS. Partindo desse objeto, o estudo explora momentos no século XX em que o campo das artes visuais foi cruzado com o da cultura popular massiva do rock, refletindo sobre o fazer da história da arte e sobre a chamada pós-crítica.
A exposição “Pulse”
A exposição “Pulse: Rogério Nazari e Telmo Lanes – Trajetórias 1976-2022” faz um resgate da produção dos artistas, contemplando a produção que realizaram conjuntamente nos anos 1980 e um panorama das produções individuais de ambos. Constituída por pinturas, xerografias, fotografias, instalações e registros de performance, esta expressiva produção, que permaneceu praticamente inédita, tendo sido rara ou brevemente exibida, é “redescoberta” nesta oportunidade.
A curadoria é de Ana Albani de Carvalho, curadora convidada, Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente do MARGS, com produção de José Eckert, Núcleo de Curadoria do MARGS.
Ocupando o foyer e três salas do 2º andar do MARGS (Galeria João Fahrion e salas Pedro Weingärtner e Angelo Guido), a exposição foi inaugurada em 17.12.2022 e segue em exibição até 14.05.2023. A visitação é gratuita, de terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h). Visitas mediadas para grupos podem ser agendadas pelo email educativo@margs.rs.gov.br.
A performance e instalação “Porquê choras?”, de 1985 Em 1985, Rogério Nazari e Telmo Lanes realizaram, em Porto Alegre, uma performance que é, hoje, histórica pela relevância artística e pela circunstância efêmera do acontecimento, uma vez que restaram apenas registros documentais, fotográficos e audiovisuais sobre sua ocorrência. Na noite do dia 14 de agosto, no palco da Sala Álvaro Moreyra do Centro Municipal de Cultura, acompanhados da banda de rock DeFalla e da trilha executada pelo compositor Carlos Palombini, os artistas executaram, em dupla, a performance e instalação com pinturas e música intitulada “Porquê choras?”. O trabalho tinha vínculos com a identificação de ambos pela cultura musical e comportamental do pós-punk e do dark-gótico dos anos 1980. Algo perceptível a partir do visual dos artistas. Com roupas predominantemente pretas, Nazari veste jaqueta de couro, e Lanes usa uma camisa com um crucifixo. A divulgação incluiu um manifesto, cujo texto começava dizendo que a ação se dava “a partir da consciência da perda dos valores básicos da arte, que foram deixados em meio ao nomadismo estético do pós-modernismo”. Já o cartaz do programa informava sobre a concepção do trabalho, enumerando materiais empregados — algodão, carvão, madeira, ferro, granito — e os diversos atos da ação, finalizando com a ficha técnica dos participantes. Na exposição “Pulse”, as imagens projetadas apresentam os registros fotográficos de “Porquê choras?”. E as 2 televisões reproduzem as gravações realizadas por 2 câmeras diferentes, que se complementam: uma acompanhando a ação em tomada de plano aberto à distância, e outra “de dentro” registrada com câmera na mão. Os câmeras foram os fotógrafos Julio Spier e Alex Sernambi, que codirigiu com Carlos Gerbase. A produção foi de Luciana Tomasi. A ação se desenvolve em torno de um tecido branco colocado no palco. Com trilha sonora ao fundo, os artistas passam a performar “desenhando” com pás e carvão. A seguir, prosseguem a performance manejando materiais e objetos como toras de madeira, pedras, arame farpado, pregos, galhos, marreta, pão, rosas e cravos de maneira improvisada. Ao final, as cortinas são abertas dando a ver pinturas, e os artistas passam a servir pedaços de um bolo de chocolate em formato de cruz para a plateia. A pesquisa e a palestra Intitulada “Rock my art ou O novo esteticismo de Porquê Choras? ou O dia em que Edu K entrou para a História da Arte” e defendida por Leo Felipe em 2013, a dissertação de mestrado em Artes Visuais — História, Teoria e Crítica pela UFRGS parte do estudo de um caso específico: a performance Porquê Choras?, dos artistas Rogério Nazari e Telmo Lanes, realizada em 14 de agosto de 1985, em Porto Alegre, e que contou com a participação do grupo de pós-punk Defalla. A partir deste evento, o estudo busca construir uma História “Roqueira” da Arte, apontando momentos no século XX em que o campo das artes visuais foi cruzado com o da cultura popular massiva representada pelo rock. Em paralelo, a pesquisa também propõe reflexões acerca do fazer da própria história da arte e dos modos de produção da chamada pós-crítica. O palestrante Leo Felipe (Porto Alegre, 1973) é escritor e curador. Bacharel em Comunicação Social — Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre em Artes Visuais — História, Teoria e Crítica pela mesma instituição. Sua pesquisa, que investiga temas como a relação do rock com a arte contemporânea, a Contracultura no Brasil, a festa, bem como métodos experimentais de produção textual, já foi apresentada em eventos nacionais e internacionais. Foi diretor da Galeria Ecarta, em Porto Alegre (2011-2017), e curador do Pivô (2019-2021). Seu livro mais recente, A história universal do after (nunc, 2019), foi traduzido para o castelhano e lançado pela editora argentina Caja Negra (2022). Atualmente é diretor da Sé galeria. Vive e trabalha em São Paulo. Serviço Palestra “Rock my art ou O novo esteticismo de Porquê Choras? ou O dia em que Edu K entrou para a História da Arte”, com o escritor e curador Leo Felipe Programa Público da exposição “PULSE: Rogério Nazari e Telmo Lanes – Trajetórias 1976-2022 Quando: 04/03, às 11h Onde: Auditório do MARGS (Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico, Porto Alegre) Crédito das fotos: Divulgação MARGS Silvia Martins/ASCOM SEDAC
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