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RS está sendo "refundado"

  • Foto do escritor: Tela Tomazeli | Editora
    Tela Tomazeli | Editora
  • há 20 horas
  • 7 min de leitura

PLANO RIO GRANDE

RegeneraRS impulsiona reconstrução e regeneração com foco em habitação, educação, soluções urbanas e apoio a negócios


A dura realidade 1 anos depois - RegeneraRS
A dura realidade 1 anos depois - RegeneraRS

Um ano após a tragédia climática no RS, coalizão da sociedade civil destaca avanços e cobra ações mais rápidas em áreas críticas da reconstrução


Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou sua maior tragédia climática em décadas. As chuvas e enchentes afetaram mais de 400 municípios, desalojaram mais de 81 mil pessoas, segundo dados oficiais. Passado um ano, a reconstrução segue em curso — com R$ 6,7 bilhões mobilizados pelo governo estadual por meio do Plano Rio Grande, e diversas iniciativas estruturantes como o RegeneraRS, que atua com outros atores da sociedade civil organizada para acelerar e qualificar as ações de reconstrução e regeneração.



Por meio do fundo catalítico de R$ 40 milhões, criado a partir de recursos do Instituto Helda Gerdau, Gerdau, Vale, Grupo Mais Unidos, Grupo Fleury e Grupo Baumgart, o RegeneraRS aprovou 16 projetos, com R$ 13 milhões em recursos já comprometidos e com potencial de mobilizar R$ 378 milhões em capital filantrópico e privado, com destaque para as áreas de habitação, educação, soluções urbanas e apoio a negócios.



Habitação: desafio central da reconstrução

A habitação segue como uma das maiores pendências da resposta pós-enchente. Embora o Estado tenha contratado 1.300 casas definitivas e 625 moradias temporárias, e entregue 362 unidades, mais de 12 mil famílias ainda aguardam um teto seguro. Programas como o A Casa é Sua – Calamidade e o Porta de Entrada enfrentam impasses como a seleção de terrenos, trâmites com prefeituras e regularização fundiária.


O RegeneraRS atua com soluções práticas e integradas. O projeto 2 por 1, em Porto Alegre, realizado pela Sinduscom, está construindo 31 casas com metodologia acelerada e baixo impacto ambiental. O Projeto Legado da União BR prevê a construção de 500 casas no RS para pessoas afetadas pelas enchentes. Já foram viabilizados quatro terrenos, e a entrega das primeiras 44 casas em Muçum ocorrerá em breve. Em Bom Retiro do Sul, o terreno está sendo preparado para a construção de outras 66 unidades. Em parceria com o Instituto Mulheres em Construção, o programa também inclui a capacitação de mulheres para atuarem na obra — a primeira turma foi concluída com a participação de mais de 50 mulheres e espera capacitar 480.



Educação: recuperação estrutural e déficit de aprendizagem

As enchentes impactaram diretamente mais de 700 mil estudantes da rede pública. O governo estadual investiu R$ 180 milhões em reformas, equipamentos e alimentação escolar. No entanto, o processo de recomposição da aprendizagem ainda enfrenta limitações importantes, especialmente em regiões mais afetadas, com carência de apoio psicossocial, materiais e infraestrutura.


O RegeneraRS atua com o projeto Refundar a Educação, organizado pelo MBC com a Macroplan, construindo em três macro fases:

1- Emergencial: apoio para recuperação das escolas atingidas;

2- Volta à normalidade: apoio para recuperação de aulas e

3- Construção do futuro: onde além do trabalho com a rede, foi elaborada as metas e projetos prioritários para 2025/2035.


O Hub de Educação e Resiliência de Encantado, da Rede Calábria, será um espaço de educação, inovação e resposta climática. Outro projeto, com parceria do Instituto Reúna, apoia a Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul, com uma estratégia de fortalecimento das políticas pedagógicas para recompor as aprendizagens e garantir o desenvolvimento integral dos estudantes pós-desastre climático. O projeto De Volta para a Escola, criado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), do União BR, focou na reestruturação das cozinhas escolares em áreas afetadas pelas enchentes, garantindo alimentação e aprendizado para os estudantes. Foram doados 449 itens essenciais, como fogões industriais e geladeiras, para 73 escolas em 22 cidades, com um total captado de R$ 1,4 milhão. O projeto está concluído e segue na fase de acompanhamento dos aprendizados.



Urbanismo e infraestrutura: obras avançam, mas prevenção caminha lentamente

O Plano Rio Grande destinou mais de R$ 1,2 bilhão à recuperação de estradas e pontes, R$ 731 milhões à dragagem de hidrovias e R$ 300 milhões ao desassoreamento de rios. No entanto, intervenções estruturantes — como revisão de planos diretores, reorganização urbana e construção de sistemas de contenção de cheias — enfrentam entraves técnicos e institucionais.


Enquanto isso, o RegeneraRS articula soluções em escala local. O Favela 3D, líderado pela ONG Gerando Falcões, promove, também com apoio da Gerdau, regeneração urbana e comunitária na Vila Costaneira (Eldorado do Sul), unindo acesso a moradia, renda, infância e serviços públicos. Já a Teia de Soluções – Resiliência Climática, com a Fundação Grupo Boticário, financia soluções baseadas na natureza e adaptação climática, com recursos da ordem de R$ 10 milhões.



Apoio a negócios: acesso ao crédito ainda é restrito

A reconstrução econômica de empreendedores e pequenos negócios também enfrenta obstáculos relevantes. Muitos comerciantes perderam estoques e estruturas e ainda têm dificuldade para acessar linhas de crédito. A burocracia e exigências bancárias afastam parte significativa da população vulnerável do sistema formal.



O RegeneraRS tem atuado para destravar esse cenário. O projeto Estímulo Retomada RS, em parceria com a organização Estímulo e o ICE, já concedeu R$ 30 milhões em crédito a 378 empreendedores em 78 cidades. A iniciativa inclui taxas de juros reduzidas, carência e capacitação. Já o Supera Sebrae, com o Sebrae RS, atendeu 125 pequenos negócios com consultoria e apoio financeiro.



O desafio é grande. Pesquisa de Impacto 2025 – Eventos Climáticos, conduzida pelo Sebrae RS, indica que, um ano após as enchentes devastadoras de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, mais da metade dos micro e pequenos empreendimentos ainda não conseguiram retomar totalmente suas atividades.


De acordo com o levantamento, realizado entre 3 e 28 de abril deste ano com 1.058 empreendedores das regiões atingidas, apenas 46% das empresas afetadas operam normalmente hoje. Outros 45% ainda estão em processo de reestruturação, enquanto 7% sequer conseguiram retomar as atividades, e 2% fecharam as portas definitivamente.


O segmento de microempreendedores individual (MEI) é o que mais encontra dificuldade para se reerguer, sendo que 13% ainda não conseguiram retomar suas atividades ou encerraram definitivamente o negócio.



Outros desafios: governança, escuta dos territórios e equidade

Para além da infraestrutura, um dos maiores desafios tem sido a governança dos processos de reconstrução. Muitos municípios enfrentam dificuldades na execução de recursos, por falta de capacidade técnica, ausência de documentação adequada e dificuldade de articulação com o Estado e a União.


"Estamos trabalhando para apoiar o Governo do Estado na reconstrução do Rio Grande do Sul, articulando escritórios de projetos que possam ajudar a destravar o capital público e viabilizar investimentos que respondam com agilidade e impacto às urgências da população", diz Marcel Fukayama, cofundador da Din4mo, organização responsável pela coordenação do RegeneraRS.


Outro ponto sensível é a falta de escuta ativa dos territórios, o que prejudica o desenho de políticas mais ajustadas às realidades locais. A tragédia também evidenciou profundas desigualdades sociais: famílias mais vulneráveis foram as mais atingidas e, muitas vezes, são as últimas a receber assistência efetiva.


“O que se buscou construir neste primeiro ano foi a articulação e o desenvolvimento de confiança.As oportunidades de regeneração surgem quando escutamos o campo, cocriamos as soluções e investimos com colaboração”, afirma Beatriz Johannpeter, conselheira do RegeneraRS e diretora do Instituto Helda Gerdau.



Lançamento Coalizão RS

A Coalizão para a Reconstrução do Rio Grande do Sul (Coalizão RS) é uma iniciativa que reúne financiadores, articuladores, operadores de projetos, universidades e o poder público para acelerar a recuperação do estado após as enchentes históricas. Seu objetivo é desbloquear recursos públicos e privados, qualificando e implementando projetos de forma coordenada e estratégica, com foco no desenvolvimento sustentável e inclusivo. Entre os principais atores envolvidos estão o RegeneraRS, o Transforma RS, o Instituto Caldeira, o Escritório 4D, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universiade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e o governo estadual. Com um modelo de governança participativa, a coalizão aposta na transparência, na eficiência e na geração de impacto concreto.


“Reconstruir exige ação coordenada. A Coalizão RS conecta quem tem ideias, projetos e investimentos. O Instituto Caldeira apoia e vibra com todas iniciativas que contribuam para criação de um Estado mais forte e competitivo”, conta Pedro Valério, Diretor Executivo do Instituto Caldeira.


A assinatura do acordo de cooperação entre a coalizão e o poder público está programada para o dia 7 de maio, durante a conferência "RS Mais Forte", que acontecerá no Instituto Caldeira, localizado em Porto Alegre (RS). O evento contará com painéis que reúnem lideranças como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o prefeito de Porto Alegre (RS), Sebastião Melo; o secretário extraordinário para a reconstrução gaúcha do Governo do Estado do RS, Pedro Capeluppi; o secretário de meio ambiente, urbanismo e sustentabilidade de Porto Alegre (RS), Germano Bremm; e o presidente do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) da capital gaúcha, Bruno Vanuzzi. O objetivo é qualificar projetos para acessar recursos públicos na reconstrução do estado.


“O RS está sendo "refundado" há 01 ano e a mobilização da sociedade civil voluntária aparece no dia a dia dos gaúchos que necessitam de ajuda. De necessidades básicas até a constituição de Fundos Privados como o RegeneraRS e o ReconstróiRS que auxiliam em áreas cruciais como educação e infraestrutura”, explica Ronald Krummenauer, conselheiro consultivo do RegeneraRS e CEO do Transforma RS



A reconstrução que queremos

O RegeneraRS não substitui a ação do poder público, mas atua como catalisador de soluções concretas, com participação cidadã e visão de longo prazo. O que está em jogo, um ano depois da tragédia, não é apenas a entrega de obras, mas a capacidade coletiva de aprender com a crise e de construir, juntos, um novo futuro para o Rio Grande do Sul — mais justo, resiliente e participativo.

Sobre o RegeneraRS


O RegeneraRS é uma coalizão em prol da reconstrução e regeneração do Rio Grande do Sul. Mobilizando capital social e financeiro para o Estado, atua em quatro pilares: educação, habitação, soluções urbanas e apoio a negócios.


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