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PADRE ARI ANTONIO SILVA – Jesus, nosso companheiro no sofrimento.

  • Foto do escritor: Tela Tomazeli | Editora
    Tela Tomazeli | Editora
  • 20 de mar. de 2024
  • 5 min de leitura

(Mc 14,1-15,47) Domingo de Ramos Neste domingo queremos frisar alguns aspectos em relação aos fatos. Em primeiro lugar chama a atenção da ausência da reação de Cristo ao beijo de Judas e ao gesto violento de Pedro (Mc. 14,46-49). Os outros evangelistas colocam algumas palavras do Mestre que se dirige a Judas e a após à Pedro. No entanto, Marcos, nos apresenta, ao contrário, um Jesus que aceita, quase passivamente tudo aquilo que está acontecendo e por fim conclui: “Cumpram-se, portanto, as Escrituras!” (Mc 14,49). Também nós, como Jesus, podemos rezar para obter de Deus que nos poupe de certas provações; é preciso, porém, que estejamos também dispostos a enfrentar as dificuldades da vida através das quais temos que passar. Em contrapartida observa-se que todos os evangelistas referem que os discípulos, ao perceberem que Jesus não reagia que não lutava e que não incentivava combater, fugiram. Somente Marcos conta um detalhe que desperta curiosidade: “Um jovem, porém, o seguia coberto somente com um lençol; prenderam-no, mas ele, livrando-se da roupa, fugiu despido”. (Mc 14,51-52). É possível que aquele jovem fosse o próprio Marcos; entretanto, esse pormenor com certeza foi incluído para transmitir algum ensinamento catequético. O jovem representa o discípulo de Cristo. Para seguir Jesus, os apóstolos abandonaram tudo (Mc 10,28). Lendo os evangelhos observamos que, após um entusiasmo inicial, as multidões abandonam Jesus. Sobram só os doze e até eles, no momento da escolha decisiva, acabam fugindo, deixando-o só. Nenhum evangelista, porém, dá tanto destaque á solidão de Cristo, como Marcos. No evangelho de Marcos, não se encontra mesmo ninguém que esteja ao lado de Jesus. Ele é abandonado pelos discípulos, é traído pela multidão que prefere Barrabás, é esbofeteado, zombam dele, batem-lhe e é humilhado pelos soldados, é insultado pelos transeuntes e pelos chefes do povo que estão presentes na hora da sua crucifixão. Somente as trevas estão ao seu redor, envolvendo-o. Somente no fim, depois de ter narrado a sua morte, percebe-se que havia “algumas mulheres que estavam longe, observando”. (Mc 15,40-41). Esse evangelista, portanto, faz questão de sublinhar que Jesus se sentiu completamente só, abandonado por todos, até pelo Pai. No fim de sua vida ele experimenta a angústia de quem está certo ter lutado pela causa justa, mas ao mesmo tempo, se vê derrotado, sem que alguém profira uma só palavra a seu favor. O seu grito final: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mc 15,34), pode parecer até chocante, mas exprime de forma dramática o seu conflito interior. Marcos não receia mostrar esse aspecto muito humano do Mestre. Na hora se sua morte. Jesus passa pela experiência da impossibilidade, do abandono, do fracasso na sua luta contra a injustiça, a mentira, a opressão do poder religioso e político. Embora menos dramáticas, na vida de todos os cristãos, também se apresentam situações semelhantes. Quem se esforça para viver de forma coerente com aquilo no qual acredita, quem deseja construir na própria comunidade relacionamentos leais transparentes e coerentes com o evangelho, encontra-se muitas vezes sozinho, isolado, condenado pelos amigos e recusado pela sua própria família. Em certos, este pode até sentir-se abandonado por Deus e chegar a perguntar-se se vale a pena lutar e sofrer tanto, para depois  constatar que está derrotado. Nestas horas o cristão deve dirigir seu olhar para Cristo que lhe é apresentado no evangelho de Marcos e encontrará a respostas aos seus dramas. Outra característica da narrativa de Marcos é a sua insistência nas reações muito humanas de Jesus diante de morte. Somente ele observa que, no jardim das Oliveiras, quando percebeu que estavam procurando por ele para mata-lo, Jesus “...começou a sentir grande pavor e angústia” (Mc 14,33). Os outros evangelistas evitam nos apresentar um Jesus assustado, quase dominado por sentimentos de um terror que consegue controlar com dificuldade. Houve homens na história que enfrentaram a condenação à morte com serenidade e com desprezo pelo sofrimento Talvez nós também estejamos acostumados a imaginar Jesus como um desses heróis, desses super-homens. Mas ele não era assim. Ele chorou, teve medo, procurou ansiosamente alguém que o compreendesse e que estivesse ao seu lado. Este Jesus que Marcos nos apresenta é fraco como nós e nosso companheiro de sofrimento. Como nós, passou pela experiência do quanto é difícil obedecer ao Pai. Se o contemplarmos, sentimo-nos atraídos a segui-lo, porque sentimos como um dos nossos. Outra narrativa da paixão feita por Marcos tem a característica da atitude de Jesus que está sempre em silêncio As autoridades religiosas que lhe perguntam se é ele o Messias e a Pilatos que quer saber se ele é rei, simplesmente responde: “...Sim, eu sou” (Mc 14,62; 15,2). E só. Durante o processo não sai uma única palavra dos seus lábios. Diante dos insultos, das provocações, das mentiras, ele fica calado, não responde mais nada (Mc 14,61; 15,4-5). Sabe que quem o quer condenar está plenamente consciente da sua inocência, e ele já sabe que os seus inimigos já decidiram a sentença e por isso não vale a pena rebaixar-se ao nível deles, aceitando uma discussão que não mudaria nada. O silêncio de Jesus é um silêncio que é sinal de fortaleza de espírito: é aquele de quem não aceita as provocações, é aquele de quem não se perturba diante da arrogância, do insulto, da calúnia. Jesus não reage e deste modo comprova não só a sua certeza de estar do lado da verdade, mas também a sua confiança de que a causa justa, por ele defendida, acabará triunfando. O ponto culminante de toda a narrativa da paixão de Jesus segundo Marcos, é a profissão de fé, proclamada aos pés da cruz, pelo comandante dos soldados romanos: quando viu Jesus morrer daquele modo, disse: “...verdadeiramente este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Desde o começo do Evangelho de Marcos, o povo e os discípulos se perguntam quem é Jesus (Mc 1,27; 4,41;6,2-3.14-15), mas ninguém consegue desvendar a sua verdadeira identidade. O que se deve destacar na narrativa da paixão segundo Marcos é o fato que a descoberta e a proclamação de Jesus como “Filho de Deus” não foi feita por um dos apóstolos ou por um discípulo, mas por um pagão. É da boca de um soldado estrangeiro que procede a fórmula usada pelos primeiros cristãos para proclamar a própria fé em Cristo. Esse soldado pagão representa todos os homens, que chegam à fé em Cristo: não se convertem por terem assistido a algum milagre, mas por ter percebido o sentido de uma vida doada aos irmãos por amor. É dessa descoberta que nasce a verdadeira fé e a autêntica adesão a Cristo. O exemplo de Jesus nos ensina que, em qualquer circunstância da vida, nunca podemos esquecer ou duvidar do amor do nosso Pai. Façamos nossa oração: Querido Pai do céu, diante de todo o contexto do Evangelho de Marcos, sentimos que é necessário que cada um de nós faça um profundo exame de consciência. Nossas atitudes nem sempre correspondem ao grande e profundo amor que Jesus teu Filho fez em nosso favor para nos remir de nossos pecados. Nesse momento pergunta-se: “Que caminho nós seguimos para proclamar a nossa profissão de fé em Cristo “Filho de Deus”?. Jesus, como nos é apresentado no Evangelho de Marcos, nos revela um Deus que tanto ama os homens, a ponto de dividir com eles as experiências mais dramáticas da vida. Perdão Senhor e te agradecemos tão grande gesto de amor para conosco. Amém “A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.

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