(Mt 1,18-24) 4º Domingo do Advento A intervenção do anjo, visando dirimir as dúvidas que assolavam o coração de José, foi ocasião para explicitar, desde a concepção, o sentido da presença de Jesus na história humana salvar o povo de seus pecados. A missão do Salvador leva-nos a recapitular a longa história da misericórdia divina em relação ao ser humano, criado para a comunhão com o Pai. A ruptura gerada pelo pecado, de forma alguma poderia significar o fim deste projeto de amor. A história da salvação consistiu num contínuo esforço de Deus para refazer os laços rompidos. A iniciativa da reconciliação, desde o início, partiu de quem havia sido ofendido, e não do ser humano pecador, num sinal inequívoco da benevolência do Pai. A escolha de Israel como povo da predileção divina, bem como o envio de profetas e mensageiros apontam para a determinação de Deus de conduzir a humanidade à reconciliação consigo. A encarnação de Jesus é o ápice desta história. Daí ter sido revestida com um carinho especial: o Filho de Deus foi concebido por obra do Espírito Santo, sinal de que se tratava de um dom divino a ser acolhido por todo ser humano carente de salvação. O nome que lhe seria dado – Yeshua -, que significa Javé é Salvação, traria a marca de sua missão. Nele a humanidade haveria de encontrar o caminho da reconciliação com o amor do Pai. Portanto, salvar-se significa voltar para a comunhão com Deus e, por consequência, com o próximo, de forma a superar as sequelas nefastas do pecado. Darás a Ele o nome de Jesus: Entre os hebreus não se dava ao recém-nascido um nome qualquer, de forma arbitrária, pois o “nome”, como em quase todas as culturas antigas, indica o ser da pessoa, sua verdadeira identidade, o que se espera dela. O evangelista Mateus tem tanto interesse em explicar desde o começo a seus leitores o significado profundo do nome daquele que vai ser o protagonista de seu relato. O “nome” desse menino que ainda não nasceu é “Jesus”, que significa “Deus salva”. Ele se chamará assim porque “salvará seu povo dos pecados”. Depois de vinte séculos devemos nós cristãos aprender a pronunciar o nome de Jesus de maneira nova: com carinho e amor, com fé renovada e em atitude de conversão. Com se nome nos lábios e em nosso coração podemos viver e morrer com esperança. Deus está conosco: Hoje o Natal está tão desfigurado que parece quase impossível ajudar as pessoas a compreender o mistério que encerra. Talvez haja um caminho, mas cabe a cada um percorrê-lo. Não se trata de entender grandes explicações teológicas, mas de viver uma experiência interior humilde diante de Deus. As grandes experiências da vida são uma dádiva, mas quase sempre só podem vive-las aqueles que estão dispostos a recebe-las. Para viver a experiência do Filho de Deus feito homem é preciso preparar-se por dentro. O Evangelista Mateus vem dizer-nos que Jesus, o menino nascido em Belém é o único que podemos chamar com toda verdade “Emmanuel”, que significa “Deus conosco”. Mas o que quer dizer isto? Como podes tu “saber” que Deus está contigo? É preciso que tenhamos coragem de ficar a sós. Procura um lugar tranquilo e sossegado. Escuta-te a ti mesmo. Achega-te silenciosamente ao mais íntimo de teu ser. É provável que experimentes uma sensação tremenda de que só tu estás na vida: como estão longe todas essas pessoas que te rodeiam e às quais tu sentes unido pelo amor. Amam-te muito, mas estão fora de ti. Continua no silêncio. Abandona-te a esse mistério com confiança. Deus te parece imenso e longínquo. Porém, se te abres a Ele, o sentido próximo, Deus está em ti sustentando tua fragilidade e fazendo-te viver. Não é como as pessoas que te amam de fora. Deus está em teu próprio ser. Segundo Karl Rahner, “esta experiência do coração é a única com a qual se pode compreender a mensagem de fé do Natal. Deus se fez homem”. Nunca mais estaremos sozinhos. Ninguém está só, Deus está conosco. Agora sabemos “algo do Natal”. Podemos celebrá-lo, desfrutar dele e felicitar as pessoas. Podemos alegrar-nos com os teus e ser mais generosos com os que sofrem e vivem tristes. Deus está conosco. Maria, a mãe de Jesus: O primeiro critério para comprovar a “verdade cristã” de toda devoção a Maria é ver se esta devoção faz o crente fechar-se em si mesmo ou se abrir ao projeto de Deus: se o faz retroceder para uma relação infantil com uma mãe imaginária, ou se o incentiva a viver sua fé de forma adulta e responsável em seguimento fiel a Jesus Cristo. Maria é hoje para nós modelo de acolhida fiel a Deus a partir de uma postura de fé obediente; exemplo de atitude serviçal a seu Filho e de preocupação solidária por todos os que sofrem; mulher comprometida pelo “Reino de Deus”, pregado e impulsionado por seu Filho. Nestes tempos de cansaço e pessimismo descrente, Maria, com sua obediência radical a Deus e sua esperança confiante, pode nos conduzir a uma vida cristã mais profunda e mais fiel a Deus. A devoção a Maria não é um elemento secundário para alimentar a religião de pessoas “simples”, inclinadas a práticas e ritos quase “folclóricos”. Aproximar-nos de Maria é antes colocar-nos no melhor ponto para descobrir o mistério de Cristo e acolhê-lo. O Evangelista Mateus nos lembra Maria como a mãe do “Emmanuel”, isto é, a mulher que pode apontar-nos Jesus, “o Deus conosco”. Façamos nossa oração: Pai, teu Filho encarnou-se para salvar a humanidade e reconduzi-la à comunhão contigo. Torna-nos solícitos para acolher o caminho da salvação aberto por ele. Amém. “A responsabilidade pelo conteúdo é única e exclusiva do autor que assina a presente matéria”.
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