20º Domingo do Tempo Comum As rupturas criadas no seio da humanidade pela pregação de Jesus põem em alerta o discípulo do Reino. Por um lado, torna-se esgotante levar adiante uma luta infindável contra as forças do anti-Reino, muitas vezes, sem se perceber resultados concretos. E isso, parece inútil. Por outro, desiludido, pode o discípulo deixar-se encantar pelos valores do anti-Reino e ser levado a romper com o Reino. A opção pelo Reino lança-o num verdadeiro campo de batalha. E sua opção é posta à prova. Como adversários, pode encontrar até mesmo os familiares mais caros. Não seria preferível buscar a via da conciliação, à custa de abrir mão do projeto do Reino? Até quando estaria o discípulo em condições de suportar o confronto entre o amor familiar e as exigências do Reino, quando não existe coincidência entre ambos? Daí a necessidade de julgar o que é justo e mais conveniente. A questão crucial consiste em saber quais são os critérios para se fazer este julgamento. Se a verdade, a justiça e os demais valores do Reino têm prioridade na vida do discípulo, este será capaz de opor-se às exigências familiares, quando forem contrários àqueles valores. Caso contrário, seu julgamento será incorreto, e não corresponderá ao querer divino. Em outras palavras, terá renunciado a ser discípulo de Jesus. O fogo trazido por Jesus Pelos caminhos da Galileia, Jesus se esforçava por transmitir o “fogo” que ardia em seu coração. Na tradição cristão permaneceram diversos vestígios de seu desejo. Um evangelho apócrifo mais tardio lembra outro dito que pode provir de Jesus: “Quem está perto de mim está perto do fogo. Quem está longe de mim está longe do Reino”. Jesus deseja que o fogo que Ele traz dentro de si queime realmente, que ninguém o apague, que se propague por toda a terra e que o mundo inteiro se inflame. Quem se aproxima de Jesus com os olhos abertos e o coração desperto vai descobrindo que o “fogo” que arde em seu interior é a paixão por Deus e a compaixão pelos que sofrem. É isto que move e o faz viver buscando o reino de Deus e sua justiça até à morte. O grande pecado dos cristãos será sempre deixar que este fogo de Jesus vá se apagando. As palavras de Jesus nos convidam a deixar-nos inflamar por seu Espírito, sem nos perder em questões secundárias e marginais. Quem não se deixou queimar por Jesus ainda não conhece o poder transformador que ele quis introduzir na Terra. Pode praticar corretamente a religião cristã, mas ainda não descobriu o aspecto mais apaixonante do Evangelho. Oxalá já estivesse ardendo. Jesus é inconfundível. Sua palavra é viva e penetrante. Sua paixão é a vida: a vida íntegra, pujante, sadia, a vida vivida em sua máxima intensidade: “Eu sou a vida”, “vim trazer fogo à terra”; “vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”. O olhar de Jesus não está obcecado pelo êxito, pelo útil, pelo “razoável, pelo convencional. A primeira coisa é a vida feliz de todos, acima de crenças, costumes e leis. Por isso Jesus não se perde em teorias abstratas nem se ajusta a sistemas fechados. Sua palavra desperta o que de melhor em nós. Sabemos que Ele tem razão quando chama a viver o amor sem restrições. Ele não vem abolir a lei, mas não sente simpatia nenhuma pelos “perfeitos” que vivem corretamente, mas não escutam a voz do coração. Convida a “transgredir por cima” os sistemas religiosos e sociais (Jean Onimus). A mensagem de Jesus sacode, causa impacto e transforma. Seus contemporâneos captam nele algo diferente. Tem razão o norte-americano Marcus Borg quando afirma que “...Jesus não foi primordialmente mestre de algum credo verdadeiro nem de alguma moral reta. Foi, antes mestre de um estilo de vida, de um caminho, concretamente, de um caminho de transformação. As sociedades modernas continuam promovendo uma vida muito racionalizada e organizada, mas quase sempre muito privada de amor. É preciso ser pragmáticos. Quase não há lugar para a “inteligência do coração”. O que manda é o dinheiro e a competitividade. É preciso ajustar-se às leis do mercado. Tudo é planificado, enquanto se esquece o essencial, o que corresponderia às necessidades mais profundas do ser humano. O mundo atual precisa de orientação, mas desconfia dos dogmas. As ideologias não dão vida, e o que precisamos é de confiança nova pra transformar a vida e torna-la mais humana. As religiões estão em crise, mas Jesus continua vivo. De acordo com um pensador francês, Pierre-Joseph Proudhon, Jesus é “o único homem de toda a antiguidade que não foi apequenado pelo progresso”. “Eu vim atear fogo ao mundo; oxalá já estivesse ardendo”. Atear fogo: São muitos os cristãos que, instalados nua situação social cômoda, tendem a considerar o cristianismo como uma religião que deve invariavelmente preocupar-se em manter a lei e a ordem estabelecida. Por isso Jesus nos convida a atear fogo, não ao imobilismo ou ao conservadorismo, as à mudança profunda e radical da sociedade. Quem entendeu Jesus traz a “revolução” em seu coração. Uma revolução que não é “golpe de Estado”, mudança de governo, insurreição ou revezamento político, mas busca de uma sociedade mais justa. Precisamos de uma revolução que transforme as consciências das pessoas e dos povos. Herbert Marcuse dizia: “...precisamos de um mundo no qual a competição, a luta dos indivíduos uns contra os outros, o engano, a crueldade e o massacre já não tenham razão de ser”. Quem segue Jesus vive ardentemente buscando que o fogo aceso por Ele arda cada vem mais neste mundo. Mas, sobretudo, exige-se da própria pessoa uma transformação radical. E conclui Emmanuel Mounier: “Só se pede aos cristãos que sejam autênticos. Esta é verdadeiramente a revolução”. O fogo do amor: Quando falta o amor, falta o fogo que move a vida. Sem amor a vida se apaga, vegeta e termina extinguindo-se. Aquele que não ama fecha-se e isola-se cada vez mais. O amor está no centro de Evangelho, não como lei que é preciso cumprir disciplinadamente, mas como “fogo” que Jesus deseja ver “ardendo” sobre a Terra, para além da passividade, da mediocridade ou da rotina da boa ordem. É o traço mais essencial do Evangelho. Façamos nossa oração: Espírito que leva a julgar corretamente, dá-nos suficiente coragem para nos decidirmos sempre pelo Reino e seus valores, mesmo devendo contrariar amigos e familiares. Amém
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